15 janeiro, 2016

Entrevista com Allan Fonseca Autor de: ENQUANTO DANÇAS

É paulistano e tem 29 anos. Formado em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo, cursou medicina por quatro anos na Unicamp. É autor também de “A paisagem vem de dentro”, publicado pela Editora Scortecci, em 2011.
Participou, como dançarino, dos espetáculos “Anatomia do Desejo” (2007) e “Kashmir Bouquet” (2007), de Ivaldo Bertazzo. Escreveu para o espetáculo “Volúpia” (2010) e compôs o roteiro de “Garimpo” (2012), ambos dirigidos pelo coreógrafo Rubens Oliveira e encenados pelo Núcleo Pélagos de Dança, do Projeto Arrastão. Teve ainda o texto “Estereótipos” inspirando coreografia homônima, de criação do Coletivo Las Caboclas e encenada por Renata Daibes, na II Mostra de Intérpretes Criadores – Solos, do Núcleo Pedro Costa (2015).
Desde 2008, mantém atualizado o blog “A paisagem vem de dentro” (allanbff.blogspot.com), que inspirou a concepção de sua primeira obra literária.

Fonseca escreveu o poema que intitula o livro em 2011, na doce inquietude da aurora urbana, observado por um bem-te-vi que, impaciente, bicava o vidro da janela do escritório, reclamando atenção.
“Enquanto danças”, segunda publicação do autor, é uma obra sobre o tempo – ou melhor, sobre um tempo. Um tempo que é de saudade, mas também presença; de rio, mas também vapor; de périplo, mas também pose; de perda, mas também esperança. De um corpo que, fiel à essência da dança que executa, expande-se no espaço até ele, corpo, ser o tempo presente e ilimitado em que tudo parece possível. O templo em que se ora pelas dádivas de agora.
Assim como em seu primeiro livro, o escritor alterna-se entre crônicas e poemas, prosa e verso. A opção visa a conferir à obra o ritmo e a cadência do tempo subjetivo de quem dança, o que faz, da leitura dos textos, uma experiência igualmente profunda no domínio sensorial.
Olá Allan. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
O livro tem como tema principal o tempo. Não exatamente no sentido linear do termo, mas o tempo imensurável do enquanto, do movimento da vida que ora converge, ora diverge, como uma coreografia, sem nunca parar.
A obra não nasceu de uma ideia específica. Quando encontrei a unidade ideal entre alguns textos escritos nos últimos cinco anos, procedi à edição e entrei em contato com a Scortecci. Acredito que seja uma boa leitura para todos que gostem de poesia.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Tenho 29 anos, graduei-me em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo em 2012 e, atualmente, sou aluno de História na mesma instituição. Por quatro anos, estive também na Unicamp, fazendo medicina. Não concluí o curso, infelizmente, mas o período em questão foi muito importante para mim. Conhecer as pessoas quando elas mais precisam, quando estão mais frágeis e inseguras, consiste em uma experiência humana inigualável, de imenso aprendizado e humildade. Sou muito grato pelo tempo que passei lá.
Na verdade, “Enquanto danças” é meu segundo livro. Em 2011, lancei, pela mesma casa, a obra "A paisagem vem de dentro". Meu projeto é continuar escrevendo e publicando poesia e crônicas, mas estudar outras vertentes literárias também. Vejo grande potencial no diálogo da literatura com a dança.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Acho que se trata de um enorme desafio, sem dúvida nenhuma. Mas um desafio que não se aplica somente à literatura ou ao escritor. Poucas profissões são verdadeiramente valorizadas no Brasil. Por mais fundamental que seja a leitura para a evolução da educação e para o crescimento das pessoas, há uma série de outras atividades igualmente essenciais à sociedade que precisam de reconhecimento e incentivo com tanta ou maior urgência que a do escritor. No contexto de um país pobre e desigual como o nosso, as artes, em geral, encontram-se até em relativa vantagem, pois os canais de financiamento público e privado, bem ou mal, existem – embora reflitam os mesmos desequilíbrios e assimetrias que assolam o Brasil como um todo.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Pesquisei uma editora que produzisse livros sob demanda e o bom tratamento que recebi desde os primeiros contatos fez-me assinar com a Scortecci, que demonstrou ter bastante experiência na prestação deste serviço.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Empenhei um carinho muito grande em cada palavra, ao mesmo tempo em que busquei uma elaboração formal poética e cuidadosa. Os textos são bastante pessoais, mas, ao mesmo tempo, creio que eles abordem sentimentos e experiências universais, como saudade, nostalgia, expectativas; cenas do cotidiano, como um luar, um espelho, uma plataforma de trem. Acredito que o livro mereça ser lido pela possibilidade de identificação com algumas dessas cenas e experiências.
A mensagem que deixo aos leitores é de gratidão. Espero que possam conhecer meu trabalho, apreciá-lo, falar dele para as pessoas queridas. E que a leitura propicie momentos agradáveis de lazer, além de emoções e ideias que os façam dançar pelas páginas do livro.

Obrigado pela sua participação.

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